Por Ubaldo Crepaldi
Participamos de tempos únicos em sua velocidade. As mudanças se sucedem rapidamente e indicam novas naturezas de identidade, de relacionamento e de meios, envolvendo indivíduos e instituições que se assombram ante esse novo mundo, como se, embora mais lentamente, o mundo já não tivesse mudado tantas vezes.
Novas consciências sociais, preocupações ecológicas, acesso às informações e possibilidade generalizada de emissão das mesmas redefinem e fluidificam o perfil dos indivíduos que, isoladamente ou em grupos de interesse, se relacionam com as organizações.
Pelo seu lado, as empresas vêem diluírem-se os esforços de comunicação em uma miríade de possibilidades - e necessidades - entre novos grupos, novos papéis sociais nos mesmos indivíduos, novos atributos valorizados por consumidores, fornecedores, colaboradores, agências regulatórias, mercado financeiro e todos os demais grupos ou indivíduos que dão suporte à sua atividade e mesmo à sua existência.
O estudo e a análise da comunicação organizacional tornam-se - a exemplo do que sucedeu em décadas anteriores na administração financeira, em virtude da globalização e, em particular, do processo inflacionário brasileiro - necessidade premente da empresa, forçada a aumentar os investimentos na área, de cujo desempenho passa a depender não apenas para sua lucratividade, mas principalmente para sua perenidade.
Neste alvorecer da sociedade em rede, os problemas de administração das organizações deixam de aparecer inicialmente nos países economicamente mais desenvolvidos, a partir de onde, depois de problematizados, experimentados e solucionados, eram disseminados para os países periféricos, como aconteceu na produção, em vendas e na administração financeira, e passam a surgir simultaneamente em todo o globo.
Avolumaram-se os investimentos. Inicialmente na comunicação mercadológica - ‘a era de ouro do marketing’ numa redução desse conceito -posteriormente na comunicação institucional, quando, às características dos produtos, os consumidores agregaram os atributos sociais, além de outros intangíveis como tradição, confiança etc. Isso, em paralelo à multiplicação dos meios, agravou o problema de tomada de decisão entre alternativas.
De certa forma, a administração de organizações com fins lucrativos no Brasil foi privilegiada, pois além de ter sido inicialmente formada com base na filosofia européia de administração (patrimonialista) e, posteriormente, como todo o resto do mundo dos negócios, ter sofrido grande influência norte-americana - a qual privilegia a análise da lucratividade - também passou por períodos de instabilidade monetária em mais de 20 anos, o que forçou o desenvolvimento de estudos de análise econômica.
Ter passado por estas crises - a dicotomia entre a herança européia e a influência do manegement norte-americano e, ainda, a instabilidade monetária passada -, além da característica de ser um país de cultura high touch, já com desenvolvimento high tech, no conceito de
John Naisbitt, faz com que a administração dessas organizações no Brasil reúna, hoje, condições de ser uma das pioneiras no estabelecimento de metodologias para a análise de retorno do investimento em comunicação organizacional.
Nesse campo, empresas como
Petrobras - Petróleo Brasileiro S. A.,
Basf S. A. e Bayer S. A.,
Divisão Cropscience, avançam rapidamente no Brasil e servem como referência de melhores práticas, como modelo mesmo, para as demais.
A crise que não nos mata nos fortalece. Até 1995, os economistas brasileiros eram execrados. Vencida a inflação, tiveram seu valor reconhecido e, hoje, ocupam postos na maioria dos organismos financeiros internacionais e nos maiores bancos de investimento do mundo.
Após a crise que envolveu profissionais brasileiros de marketing político em episódios lamentáveis de corrupção, alguns dentre nós, pioneiros na mensuração do valor da comunicação institucional, demonstram, além do valor da comunicação, seriedade profissional e exemplo aos demais.
A estes, nossas congratulações e nossos agradecimentos.
Artigo publicado no
portal de comunicação corporativa Nós da Comunicação